Gratidão por me teres escolhido…

Não sei como vão ser os dias nesta casa, agora que partiste, Quinoa.

Esta casa não me soa a mesma, sem o som das tuas unhinhas a bater no chão. Dói deixar cair uma migalha, sem te sentir imediatamente à procura dela. Dói raspar a colher no fundo da panela, e não te ver aparecer a correr na cozinha. Dói acordar e não te ver sair debaixo dos cobertores.

Como vou atravessar a ponte para a praia, sem te ver correr à minha frente? Esta casa não será a mesma sem ti, e a praia também não…

DESCULPA as vezes que falhei como mamã, as vezes que ignorei quando pedias colo, ou que te deixei em casa, quando querias sair. DESCULPA, tu deste-me esse amor incondicional sempre, nunca me rosnaste, nunca me ignoraste, só me deste esse sentimento puro, honesto, real.

Estas lágrimas que queimam a minha pele, estas lágrimas que jorram imparáveis, tão, tão pesadas, cada uma carrega saudade do que foi e do que nunca será, dos montes que não correremos, das praias onde não brincaremos… Carregam cada lambidela, cada abraço (tu sabias abraçar como nenhum outro cão), cada olhar meigo, cada patinha a raspar na minha mão a pedir mais miminhos. Queimam, queimam tanto…

Dói, dói muito, dói tanto que às vezes penso que vou enlouquecer. Mas dói porque te amei, porque te amo e porque te tive na minha vida. Dói porque tive o privilégio de me escolheres como família.

Nunca vou esquecer o sol que apanhamos na varanda, no dia antes de te levar embora, tu deitadinha no meu colo, o teu sítio preferido. Eu sei, EU era a tua casa, eu era o teu amor, eu era o teu mundo todo.

Até um dia, Quinoa bebé.